All for Joomla All for Webmasters

A DIMENSÃO PSICOLÓGICA DOS MITOS E O ARQUÉTIPO DOS INTERMEDIÁRIOS ENTRE “MUNDOS”

Alessandra Nunes Ribeiro “As imagens mitológicas são aquelas que colocam o consciente em contato com o inconsciente. É isso que elas são. Quando não temos imagens mitológicas, ou quando o consciente as rejeita por uma ou outra razão, perdemos o contato com a nossa parte mais profunda. Acho que esse é o propósito de uma mitologia pela qual se possa viver. Temos de descobrir por qual mitologia estamos de fato vivendo e conhecê-la, para podermos tocar a nossa ocupação com competência.” Joseph Campbell

INTRODUÇÃO Abordarei neste artigo a importância da mitologia e seu impacto psicológico, trazendo reflexões acerca do arquétipo que intermedia mundos, dando enfoque os Deuses Hermes e Perséfone devido a capacidade de transitarem entre o mundo terreno e o submundo. Eles atuam como psicopompos, guiando as almas nesta transição entre diferentes dimensões, que simbolicamente podemos entender como os níveis consciente e inconsciente.

O estudo da mitologia e sua dimensão psicológica foi alvo de interesse de Jung, pois inicialmente ele se deu conta que no imaginário de seus pacientes psicóticos afloravam precisamente fantasias presentes em temas mitológicos. Logo Jung percebeu que os paralelos se aplicavam não apenas aos indivíduos psicóticos, mas também aos neuróticos e às pessoas relativamente equilibradas.

Isto porque os deuses são expressões particulares daquilo que denominamos arquétipos, padrões instintivos de comportamento comuns a toda humanidade, que atuam no interior da psique e vêm à superfície colocando dinamismo e direcionando a libido segundo as necessidades de desenvolvimento do indivíduo. Segundo Campbell (1999, P. 12) “O objetivo de uma psicologia baseada no arquétipo é olhar através da situação para incentivar o movimento psíquico. Mitos desafiam a psique a se movimentar.”

Os mitos evocam sentimento e imaginação, tocando em temas que são parte da herança coletiva da raça humana. A mitologia poderia ser tomada como uma espécie de projeção do inconsciente coletivo e seu estudo possibilita que nos aproximemos desta instância da psique. A possibilidade de transitar entre as diferentes esferas da psique, consciente e inconsciente, é essencial para aprofundarmos nosso autoconhecimento, já que é através da integração da nossa sombra à luz da consciência que poderemos reconhecer nossa totalidade.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 MITOLOGIA Mitos são histórias contadas há milhares de anos, de geração em geração, que contém temas atemporais e pessoalmente relevantes. Segundo Campbell (1991), são histórias que acolhem temas universais (criação, morte e ressureição, nascimentos virginais, ascensão aos céus, etc.), mas com sutis diferenças dependendo do enfoque de quem as está contando. Como descreve o autor no seu livro intitulado O Poder do Mito: A mitologia lhes ensina o que está por trás da literatura e das artes, ensina sobre a sua própria vida. É um assunto vasto, excitante, um alimento vital. A mitologia tem muito a ver com os estágios da vida, as cerimônias de iniciação, quando você passa da infância para as responsabilidades do adulto, da condição de solteiro para a de casado. Todos esses rituais são ritos mitológicos. Todos têm a ver com o novo papel que você passa a desempenhar, com o processo de atirar fora o que é velho para voltar com o novo, assumindo uma função responsável. (CAMPBELL, 1991, P. 25)

Para Bolen (1990), despertar para a mitologia significa estar desperto para a realidade da vida. Quando um mito é interpretado, seja intelectual ou intuitivamente, pode resultar em um novo nível de compreensão. Ao lermos mitos aprendemos a nos voltar para dentro e começamos a captar a mensagem dos símbolos. E isto é de suma importância porque a consciência egóica opera principalmente pelo raciocínio causal e lógico, mas a linguagem do inconsciente funciona por meio de analogias e associações, sendo essencialmente imagética. O relacionamento entre o consciente e o inconsciente se dá, principalmente, através de imagens e da imaginação. Jung (1986), em seu livro intitulado Símbolos da Transformação, explica que a psique opera basicamente de duas formas diferentes, mas complementares: no inconsciente por meio da analogia e na mente consciente por meio da lógica ou raciocínio analítico.

Podemos entender o mito com o início da racionalização da experiência simbólica na forma de narrativa, trazendo à tona para a consciência imagens arquetípicas, satisfazendo as necessidades simbólicas e de significado da psique. Em termos de dinâmica da psique, os simbolismos contidos nos mitos possibilitam a circulação de energia psíquica entre consciente e inconsciente, estabelecendo conexões entre estas instâncias psíquicas antagônicas.

1.1.2 MITO PESSOAL No seu livro autobiográfico, Jung (1986) afirma que, no período em que escrevia o livro Símbolos da Transformação, deu-se conta do que significa viver com um mito e viver sem um mito. Resolveu perguntar-se por qual mito estava vivendo e constatou que não sabia, comprometendo-se a partir de então a conhecer seu mito pessoal e a encarar isso como sua maior tarefa.

Cada um de nós tem um mito que nos guia, independente de sabermos ou não qual é, e este trata-se do nosso mito pessoal. Para Jung (1986), o mito é o que há de mais adulto na produção da humanidade primitiva, não podendo ser equiparado a uma fantasia pueril. Há no homem uma necessidade instintiva de mitologia, não sendo possível livrar-se dela por muito tempo.

Devido ao mito se expressar através de imagens significativas, que impõem um padrão de comportamento humano de todos os tempos, possibilita-nos uma melhor compreensão dos processos psíquicos que vivemos. Em toda psique estão presentes estas disposições que, apesar de inconscientes, influenciam instintualmente nossos pensamentos, sentimentos e ações. Ao nos relacionarmos com os temas mitológicos e aprofundarmos o conhecimento acerca do nosso mito pessoal, ampliamos a compreensão acerca do padrão arquetípico predominante na nossa vida, com seus desafios e potenciais latentes.

1.2 ARQUÉTIPOS Pedraza (1999) afirma que foi Jung quem introduziu o estudo dos arquétipos na psicologia moderna, abrindo assim novos rumos na percepção da natureza humana. Jung explicava os arquétipos como padrões de comportamento instintivos, uma imagem interior em ação na psique que determina respostas emocionais e comportamentais inconscientemente. Segundo ele, os arquétipos estão contidos no inconsciente coletivo, que é a parte do inconsciente comum a toda humanidade.

Os mitos e os contos de fada são expressões de imagens arquetípicas, como também muitos temas de sonhos. A presença de padrões arquetípicos justifica as semelhanças nas mitologias de muitas culturas diferentes, pois como trata-se de padrões preexistentes, eles influenciam o modo como o ser humano se comporta e vivencia a realidade.

O inconsciente coletivo, ou psique objetiva como também é denominado, existe independente do ego e da subjetividade de cada indivíduo. Ele foi formado pela repetição de comportamentos frente a determinadas situações, que continham semelhanças entre si, ao longo de inúmeras gerações. O inconsciente coletivo e os arquétipos seriam os depositários deste repertório comportamental acumulado e fazem parte da natureza humana universal, independente do tempo e da cultura.

Os arquétipos podem ser comparados à condição genética de uma semente, um potencial que está latente e disponível, mas que a manifestação dependerá do solo e das condições climáticas, bem como da presença ou ausência de certos nutrientes e do cuidado ou da negligência por parte dos jardineiros, além da solidez da própria variedade de semente. (BOLEN, 1990) Ainda segundo Bolen: As imagens simbólicas dos arquétipos enriquecem e ampliam nossa consciência; elas têm diferentes aspectos do Si-mesmo, e o seu conhecimento permite à mulher compreender e desvendar seus próprios sentimentos e recuperar seu Eu. Despertar para a mitologia significa estar desperto para a realidade da vida. Atender ao chamado de cada deusa (de nós mesmos) e dos diferentes relacionamentos que ecoam em nós, descobrir-lhes o sentido e o significado em nosso cotidiano, é o caminho para resgatar nossa alma. (BOLEN, 1990, P. 07)

1.3 DEUSES Quando questionado sobre o que é um deus, Campbell (1991, P. 37) dá a seguinte definição: “é a personificação de um poder motivador ou de um sistema de valores que funciona para a vida humana e para o universo – os poderes do seu próprio corpo e da natureza.” Assim como as imagens arquetípicas descritas por Jung, a grandeza dos deuses mitológicos está na eternidade de sua essência e na sua permanência na mente humana. Os deuses gregos, que vivem na imaginação humana por mais de três mil anos, são modelos ou representações daquilo com que os seres humanos se assemelham, representando padrões arquetípicos que podem modelar o curso das nossas vidas. (BOLEN, 1990)

Os deuses diferem-se uns dos outros e todos têm igualmente traços positivos e outros potencialmente negativos. Todos temos, enquanto potencial, a capacidade de “evocar” as características dos deuses, uma vez que se faz um esforço consciente para sentir ou desenvolver determinadas características.

Bolen (1990) afirma que deuses são como forças poderosas e invisíveis que modelam o comportamento e influenciam as emoções dos indivíduos. Ficamos, segundo a autora, entre dois campos de influência: internamente por arquétipos divinos e exteriormente por estereótipos culturais. Uma vez que nos tornamos consciente das forças que nos influenciam, obtemos o poder que o conhecimento proporciona.

1.3.1 PERSÉFONE Esta deusa foi adorada de dois modos: como a jovem Core, que representa a garota jovem que não sabe "quem ela é" e está inconsciente de seus desejos e forças, e como Perséfone, a rainha do Inferno. Como rainha do Inferno, é uma deusa experiente que reina sobre os mortos, guia os vivos que visitam o mundo das trevas e pede para si o que deseja. Neste artigo focarei apenas no lado da deusa como rainha e guia do Inferno, pois o intuito é abordar sua habilidade de movimentar-se entre a realidade do mundo "real", baseada no ego, e no inconsciente ou realidade arquetípica da psique. (BOLEN, 1990)

Perséfone é o arquétipo responsável pelo sentido de familiaridade que sentimos quando nos deparamos com a linguagem simbólica, ritualística, de visões ou experiência mística. Quando uma pessoa influenciada por essa imagem arquetípica desce às próprias profundezas, explora o profundo reino do mundo psíquico e não teme voltar a reexaminar a experiência vivida, tornando-se mediadora entre a realidade da consciência e do inconsciente. Se conseguir transmitir o que então aprendeu, pode tornar-se guia para os outros. (BOLEN, 1990)

Quando nos identificamos com esta deusa, podemos ser também terapeutas-guia, conduzindo os outros às suas próprias profundezas, guiando-os para encontrar o significado simbólico e a compreensão daquilo que eles encontraram lá. No entanto, para desenvolver sua habilidade psíquica, a pessoa influenciada por Perséfone deve transcender sua identificação com o lado Core, a jovem ingênua, e descobrir o elemento Perséfone-Hécate, que não teme o desconhecido e que fica à vontade no mundo das trevas (BOLEN, 1990)

Ainda segundo a autora, sempre que a imagem arquetípica da deusa Perséfone ressurge na psique é possível tornar-se receptivo a novas influências e mudar. “Perséfone é juventude, vitalidade e potencial para novo crescimento. As mulheres que têm Perséfone como parte de si podem permanecer receptivas à mudança e jovens de espírito durante toda a sua vida.” (BOLEN, 1990, P. 163) O equivalente pode ser percebido na influência de uma anima Perséfone na psique masculina.

1.3.2 HERMES Hermes é um Deus com múltiplas funções, que transita entre o divino e o humano, a consciência e o inconsciente, sendo considerado um deus mensageiro capaz de guiar almas e adentrar o submundo. Se vincula com as esferas dos outros deuses e tem o intercâmbio psíquico com eles, por isso é considerado o vinculador e o mensageiro dos deuses, sendo conhecido por sua habilidade em fazer conexões. (PEDRAZA, 1999) Considerado companheiro dos homens por gostar de se misturar entre eles, Hermes tem laços estreitos com este mundo que está sempre em mudança e evolução. Deus fálico fortemente vinculado à sexualidade, demarca os caminhos que percorremos na vida. “Nossas fantasias e imagens sexuais, nossa imaginação, participam das transações psicológicas que acontecem nos limites da nossa psique e assinalam os âmbitos interno e externo da vida.” (PEDRAZA, 1999, P. 16)

O hermafrodita, filho de Hermes e Afrodite, na qualidade de entidade bissexual, reconcilia o conflito dos opostos e representa uma nova dimensão consciente. Para Pedraza (1999), essa imagem nos introduz nas complexidades do masculino e do feminino dentro de uma única imagem simétrica, havendo ausência de separação.

Quando a imagem de Hermes, Deus do comércio, não é reprimida, pode-se desenvolver o relacionamento das pessoas entre si, propiciando intercâmbios. A negociação tem sido um dos caminhos para a sobrevivência natural e é um dos modos como dois padrões arquetípicos conflitantes podem se reunir. A maior preocupação entre junguianos é a unilateralidade da personalidade, presa demais à luminosidade de Apolo. A negociação seria a cena sugestiva da exigência terapêutica mínima de incentivar a consciência polarizada a familiarizar-se com seu oposto. (PEDRAZA, 1999)

Através das interpretações do simbolismo hermético e dos estudos sobre alquimia, Jung reconheceu a importância de Hermes na psicoterapia. Hermes demarca nossos limites psicológicos e assinala o perímetro de nossas fronteiras psicológicas, estabelecendo o território a partir do qual tem início o desconhecido. (PEDRAZA, 1999)

1.3.3 ALQUIMIA Segundo Pedraza (1999, P. 29): “A alquimia é uma psicologia do paradoxo, uma psicologia limítrofe, o que implica que só pode ser apreendida através de Hermes guiando o caminho rumo ao inconsciente.” Os alquimistas ajudaram-nos a acostumar nossos olhos para contemplar o conteúdo situado nesta instância da psique, chamada de inconsciente, através da imagética simbolizada na qual era possível enxergar através de si e do mundo.

Jung vislumbrou que o tratado alquímico era a expressão de um processo simbólico, o qual ele denominou ‘processo de individuação’. Este processo constitui uma sequência de sacrifícios, experimentados principalmente nos sonhos e verificados nas mudanças e movimentos da personalidade. A psicoterapia junguiana dedica grande atenção ao sacrifício, devido a sua função psicológica. O movimento terapêutico para dentro do inconsciente exige o “acontecimento” do sacrifício da primeira função, referente à persona e ao ego obsoletos. O conflito entre a consciência regente (Apolo) e o inconsciente (Hermes) é o cerne da psicoterapia. (PEDRAZA, 1999)

Com base nas naturezas opostas do ser humano, ao formular sua concepção dos tipos psicológicos, Jung discutiu as naturezas de Apolo e Dionísio. Esses dois antagonistas, poderiam encontrar um modelo no relacionamento entre Apolo e Hermes e que lhe teria servido como caminho intermediário capaz de propiciar a mobilização psicológica.

Então a ideia de reconciliação dos opostos que, na psicoterapia, geralmente tem significado de mover a unilateralidade apolínea para os recessos mais reprimidos da psique, que é onde está Dionísio, tornar-se-ia desnecessária e, no final das contas, só seria possível contanto que Hermes servisse de guia da psique. (PEDRAZA, 1999, P. 94)

1.4 SUBMUNDO Simbolicamente, o submundo pode representar camadas mais profundas da psique humana, um lugar onde memórias e sentimentos estão "enterrados" – esta instância entendemos como o inconsciente pessoal. É também no “inferno” que estão as imagens arquetípicas, os padrões de comportamento e sentimento que são instintivos e compartilhados pela humanidade – esta esfera mais profunda denominamos de inconsciente coletivo, conforme comentado anteriormente. (BOLEN, 1990)

Como guia para os mortais que visitavam o inferno, Perséfone tem uma função metaforicamente semelhante à dos médiuns que mantêm sessões espíritas e que permitem aos espíritos dos mortos falarem através deles. A difusividade de sua personalidade, somada a sua receptividade e falta de enfoque, facilitam a percepção extrassensorial. (BOLEN, 1990)

Hermes é o Deus incumbido pelo olimpo de ser o único mensageiro para Hades, lidando diretamente com as profundezas e mistérios do reino dos mortos, tarefa importante e específica do ponto de vista psicológico. Ele tem uma ligação com o homem primitivo que nenhum outro deus tem. Sua tarefa de guiar a alma pelo mundo dos mortos não pode ser minimizada nem omitida da psicologia e menos ainda da psicoterapia. (PEDRAZA, 1999)

A espontaneidade do instinto primitivo de Hermes oferece reflexões profundamente psíquicas, propiciando um acesso a níveis mais profundo da psique. A presença de Hermes em nós permite-nos sentir nossa própria dimensão primitiva, experimentando a sensação do instinto, o que é essencial para vivenciarmos a realidade de nosso ser. (PEDRAZA, 1999)

CONCLUSÃO Aprofundar o estudo sobre os mitos e seu simbolismo causa um importante impacto à psique, devido a riqueza contida nestas narrativas acerca de temas chaves na trajetória de vida humana. Conforme mencionado ao longo deste trabalho, este conhecimento estimula o movimento da libido, trazendo luz a conteúdos que até então poderiam estar inconscientes.

Para Campbell (1991), o mito tem, acima de tudo, uma função pedagógica, pois pode ensinar ao ser humano como viver a vida sob qualquer circunstância. Assim como as parábolas, os mitos aproximam a comunicação entre os deuses e o homem, possibilitando uma religação com a dimensão cósmica e sagrada. Ao atendermos ao chamado dos deuses, buscando compreender seu sentido e o significado, trilhamos o caminho rumo a nossa alma.

No presente trabalho, aprofundei o olhar sobre os Deuses Hermes e Perséfone devido a sua característica comum de transitar entre os “mundos”. Esta habilidade faz-se, hoje mais do que nunca, muito necessária enquanto imagem arquetípica, pois tendemos à unilateralidade: supervalorizamos a mente consciente e os conteúdos que se encontram na sombra tendem a permanecer lá, impactando diretamente nossas vidas, mas sem termos consciência disso. Muitos potenciais se encontram adormecidos nesta esfera inconsciente, os quais só poderão ser integrados se nos dispusermos a fazer este mergulho nas profundezas da psique.

Hermes, conforme descrito anteriormente, é o guia para o inconsciente e mensageiro dos Deuses, conectando deuses e deusas entre si e com os homens; ele é o vinculador. Perséfone também serve como guia para a profundidade psíquica e serve como mediadora entre a realidade da consciência e do inconsciente.

Ao aceitarmos a presença destes deuses em nossas vidas, nos abrimos a possibilidade de transitar entre as esferas consciente e inconsciente. Da interação e cooperação destas duas instâncias até então antagônicas resulta a unidade psíquica, isto é, a conciliação dos opostos em nós. Jung (1978) deu o nome de função transcendente à mudança obtida através do confronto e união dos opostos, a qual possibilita o homem alcançar sua mais elevada finalidade: a realização das potencialidades do Self.

REFERÊNCIAS BOLEN, Jean S. As Deusas e a Mulher – nova psicologia das mulheres. São Paulo: Paulus, 1990. CAMPBELL, J. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Atena, 1991. JUNG, Carl G. Memórias, Sonhos, Reflexões. Nova Fronteira, 1986. JUNG, Carl G. O Eu e o Inconsciente. Obras completas, vol. VII/2. ed. Petrópolis: Vozes, 1978. JUNG, Carl G. Símbolos da Transformação. Obras completas, vol. VIII/2 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. PEDRAZA, Rafael L. Hermes e seus Filhos. São Paulo: Paulus, 1999.